terça-feira, 1 de setembro de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

terça-feira, 28 de agosto de 2007

O vídeo na sala de aula



Análise


Children see. Chilren do.
...criança vê, criança faz...











GTA Coca (commercial) - kewego
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An amusing commercial based on the famous video game Grand Theft Auto. Coca-Cola, the coke side of life !




A televisão, o cinema, a Internet e demais tecnologias ajudam-nos a realizar o que já fazemos ou o que desejamos. Se somos pessoas abertas, ajudam-nos a nos comunicar de forma mais confiante e carinhosa; se somos fechadas, contribuem para aumentar as formas de controle. Se temos propostas inovadoras, facilitam a mudança.
Educar com novas tecnologias é um desafio que até agora não foi enfrentado com profundidade. Temos feito apenas adaptações, pequenas mudanças. Agora, na escola, no trabalho e em casa, podemos aprender continuamente, de forma flexível, reunidos numa sala ou distantes geograficamente, mas conectados por meio de redes de televisão e da Internet. O presencial torna-se mais virtual, e a educação a distância torna-se mais presencial. Os encontros em um mesmo espaço físico combinam-se com os encontros virtuais, a distância, por meio da Internet e da televisão.
Estamos aprendendo, fazendo. Os modelos de educação tradicional não nos servem mais. Por isso é importante experimentar algo novo . Fazer as experiências possíveis nas nossas condições concretas. Perguntar-nos no começo de cada nova etapa: "O que estou fazendo de diferente ? O que vou propor e avaliar de forma inovadora?" Assim, pouco a pouco iremos avançando e mudando.
Podemos começar por formas de utilização das novas tecnologias mais simples e ir assumindo atividades mais complexas. Experimentar, avaliar e experimentar novamente é a chave para a inovação e a mudança desejadas e necessárias.
Caminhamos para uma flexibilização forte de cursos, tempos, espaços, gerenciamento, interação, metodologias, tecnologias, avaliação. Isso nos obriga a experimentar pessoal e institucionalmente a integração de tecnologias audiovisuais, telemáticas (Internet) e impressas.
Vivemos uma época de grandes desafios no ensino focado na aprendizagem. Vale a pena pesquisar novos caminhos de integração do humano e do tecnológico; do sensorial, do emocional, do racional e do ético; do presencial e do virtual; de integração da escola, do trabalho e da vida.
José Manuel Moran
http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/tedh/tedhtxt2b.htm

Televisão e educação: um canal aberto
Maria Thereza Fraga Rocco

O grande erro, durante décadas, foi o de se acreditar que a Televisão e a Escola eram rivais, eram concorrentes em conflito, podendo a TV um dia vir a substituir o professor e até mesmo outras matrizes geradoras de educação. Daí a recusa. Daí o temor. H. BOURGES(1)

Reflexões preliminares

Para discutir as relações entre TV e Educação, entre TV e Escola, é preciso antes analisar algumas questões, aparentemente periféricas, mas que, em verdade, são parte integrante desses binômios, provocando significativas indagações. O que é a TV? Quais são suas reais dimensões e seu real alcance? Que preconceitos ainda cercam a televisão, impedindo, talvez, um trabalho mais efetivo entre TV, Escola, Educação? Como se caracteriza o processo de recepção? Televisão e; Educação; Televisão e Escola são sinônimos de mesmas relações? O que de fato é possível e necessário propor-se para implementar efetivamente, com e pela TV, projetos escolares, pedagógicos, educativos e culturais?

Dimensões da TV: natureza e poder de um veículo já não tão jovem.
Variações sobre o tema

A televisão é o mais alienante veículo contemporâneo de comunicação social. A televisão aprisiona o indivíduo tornando-o um ser passivo, inerte, sem capacidade própria de imaginação. A televisão pensa pela indivíduo. A televisão rouba às crianças e adultos o tempo que seria dedicado à leitura e à reflexão! bloqueando entre os menores grande parte da capacidade imaginativa. Não. Tal linha de pensamento não leva a nada. A televisão é uma janela para o mundo. Ligamos um botão e trazemos a realidade para dentro de nossas casas. A televisão ensina mais e melhor .que a escola. A televisão, de modo sedutor, sintetiza o mundo e as emoções, substituindo até mesmo o contato com as pessoas, principalmente entre os indivíduos da terceira idade.

Por esse caminho também não se chega à parte alguma. Como é possível observar, o 1984 de George Orwell passou, o Show de Truman fez sucesso como paródia da vida real e o Apocalipse não veio. No entanto, mesmo após meio século de existência, vários dos conceitos e opiniões (em geral calcados no senso comum) com que nos defrontamos, quando o tema é TV, revelam-se tão caricaturais e anedóticos como as hiperbólicas afirmações aqui registradas. Em verdade, a televisão (juntamente com o computador e o telefone - não se pode esquecer dele) é dos mais poderosos veículos da era eletrônica e vem experimentando uma evolução técnica espetacular que multiplica de forma quase inconcebível suas possibilidades e sua abrangência. Em que pese todo esse poder, a TV obedece a princípios técnicos comuns, a uma espécie de "gramática", cujas "regras" definem sua, especificidade. Apesar de possuir regras próprias, a televisão é plural e multifacetada, veiculando produtos muito diferentes entre si, os quais - mesmo respeitando a "gramática" fundadora e definidora do meio - não podem ser analisados e avaliados por critérios rígidos e sempre os mesmos. Na TV observa-se, por um lado, a saudável integração de gêneros, que seguem todas as bases definidoras da especificidade do veículo e, por outro, assiste-se, ao mesmo tempo, a uma diferenciação muito grande entre os vários produtos mostrados. Ainda que tais produtos veiculados pela TV não sejam "puro sangue" e apresentem muitas áreas de interseção em seus modos de produção, é preciso enxergar e avaliar cada segmento televisual em função do conjunto de características próprias que melhor o definam. Assim um jornal noticioso, com as variações que lhe são próprias, é diferente de um comercial que é diferente de um talk show2 que é diferente de um programa infantil que é diferente de um filme de TV feito para TV que é diferente de uma novela ou de outros produtos ficcionais (microsséries, minisséries, especiais) que são diferentes de documentários e reportagens que são diferentes de desenhos que são diferentes de programas sobre estética, culinária, auto-ajuda, etc. Todos, porém, em sua diversidade, obedecem à linguagem, ao discurso e à gramática que regem o meio. Cabe aqui, pois, uma questão. Com que critérios então avaliar, analisar tais produtos no que têm de único e particular e no que têm em comum com os diferentes gêneros explorados? Critérios de análise não são intransponíveis e assépticos. No entanto, o excesso de contaminação que pode ocorrer entre eles traz o risco de desvirtuá-los, falseando resultados e criando vieses. Quando se analisa TV, quando se avalia TV, em geral, salvo exceções, parte-se de uma comparação descabida. Compara-se a TV à Escola, utilizando, transpondo, diretamente para a primeira, os critérios que são inerentes à última. Compara-se um produto ficcional de TV, por exemplo, a uma obra literária e o ver TV, ao ler textos escritos. Sem qualquer mediação.

É preciso termos claro que TV e Escola são absolutamente diversas entre si, por definição. Escola é o locus formal de educação. TV é um veículo eletrônico que informa, diverte, e deve também educar, ainda que não seja essa sua função precípua. Se não são intransponíveis, como já se disse, critérios de análise, no entanto, para serem utilizados, precisam ser adaptados quando possível, desde que se respeitem as especificidades da investigação e desses próprios instrumentos. Televisão e Educação, diferentes em tudo, já nas bases que as definem e constituem, podem e devem trabalhar juntas com vistas ao desenvolvimento integral de indivíduos e grupos. Em nosso tempo, é inadmissível que a Escola, em suas múltiplas práticas e níveis, não lance mão da TV, com suas muitas interfaces, para redimensionar o trabalho pedagógico e torná-la mais ágil, competente e sedutor.

2. TV, Exercício de Cidadania e o Novo Conceito de Recepção

Queiram ou não os pais, os professores, os intelectuais; queiram ou não a família, a escola, a igreja, os partidos, a TV vem se constituindo em um poderoso instrumento de divulgação e integração de informações, conhecimentos, revelando-se como fonte de diálogo e interação. É preciso, hoje, "alfabetizar" crianças e aprofundar a competência dos jovens para a leitura e análise, em vários níveis, do texto televisual, como já se faz, de há muito, com o texto escrito que deve ser lido, analisado, compreendido e criticado também a partir da própria experiência de vida do estudante. Sem dúvida, o desenvolvimento dos meios eletrônicos, do computador e da TV em especial, os revela como componentes inalienáveis à sociedade contemporânea e, nesses termos, o exercício da cidadania, para atingir sua plenitude, precisa ancorar-se na capacidade que todo o indivíduo deve ter para compreender, avaliar e utilizar, com inventividade, os recursos midiáticos e toda a sua potencialidade de linguagem. Somente desse modo será possível submeter as fontes de informação a uma necessária análise crítica.

Segundo J. FISKE3 é preciso começar a pensar no binômio TV e Cultura. Para o autor, a televisão deve ser definida como um desencadeado r de significados e prazeres, enquanto a cultura tem que ser pensada também como um trabalho de circulação dessa gama de significados e prazeres dentro da sociedade. Conforme FISKE, a TV, entendida como manifestação cultural, revela-se parte nuclear da dinâmica social por meio da qual a própria estrutura da sociedade se mantém, enquanto processo constante e contínuo de produção e circulação de significados que operam com muitos códigos. Já vai longe o tempo em que se pensava que o texto televisual ou qualquer outro tivesse um efeito único, direcionado e determinado em relação aos diferentes receptores. Sabe-se hoje que os textos da TV, como de resto toda a rede de outros textos e texturas, constituem-se em forte potencial polissêmico. São textos geradores de (e gerados por) múltiplas significações que deles se extraem ou a eles são atribuídas. O texto televisual, além de polissêmico - e talvez por isso - é sempre intertextual, como os demais. E por ser intertextual, se faz de muitas vozes, interagindo com muitas mentes. Portanto, como ensina BAKHTIN4 em relação à linguagem verbal, também o texto da TV é dialógico e polifônico em seus muitos entrecruzamentos.

As relações entre textos refletem, sem dúvida, os modos de recepção da TV. A intertextualidade da TV se dá em vários sentidos e direções. Assim, parte-se do texto básico - visual, verbal, cromático, sonoro, dinâmico - que vem até nós com um timing5 bastante particular - passa-se por muitos tipos de textos impressos que chegam ao público por meio de revistas especializa das (nas quais se tem de tudo um pouco: biografia, gossips6, resumos ficcionais e descrições de segmentos); por meio de jornais e até por força de teses acadêmicas. E todos esses textos, cada um a seu modo, com seus objetivos particulares, usando diferentes registros verbais, dialogam entre si e com o telespectador-leitor. Chega-se, então, a outro nível de intertextualidade televisual, momento em que, descompromissadamente ou não, grupos de pessoas conversam sobre os programas de TV, discutem sobre seus formatos, conteúdos e razões, imprimindo a essas conversas a força da própria interpretação que se constitui por meio de significados redundantes, díspares, surpreendentes que surgem impregnados da experiência prévia de vida de cada sujeito telespectador que interage com a TV e com o outro com quem dialoga. Nesses termos, e por força dessas novas relações, não se pode mais pensar ou falar em recepção à maneira condutista, iluminista, herdada do século XIX, conforme ensina J. M. BARBERO7 segundo a qual o processo de circulação de conhecimento, o próprio processo de educação era concebido como a transmissão de algo para quem nada conhece, sendo o receptor (ou indivíduo a ser ensinado) visto apenas como um recipiente vazio no qual se depositavam os conhecimentos originados ou produzidos em outro lugar.

O receptor era - e ainda é para muitos – tido como vítima, como tabula rasa sobre a qual se imprimia (ou se imprime) o que quer que seja. . Esse é o "modelo mecânico" da recepção, ainda muito aceito, infelizmente, e segundo o qual comunicar é fazer chegar até alguém uma informação com significado único, fechado e já pronto. O equívoco de tal idéia grita alto. Ninguém (indivíduo ou grupos sociais) recebe/percebe do mesmo modo as mesmas mensagens. As histórias de cada um são muitas, o imaginário e os modos de representação também. Os grupos sociais não são "sincrônicos no tempo e hegemônicos na História". O que se lê nos livros, ou o que se vê na TV resulta da interação entre produto, condições de produção e naturezas de receptor. Recepção não é, pois, "uma etapa", mas um "novo lugar" de onde se deve pensar a comunicação e, por conseqüência, a televisão. Contrariamente ao que diz o senso comum, a TV reflete e refrata os dados e fatos da realidade sensível. E não o contrário, como insistem muitos.

TV e Educação: Angulações
Sob esse título tão amplo: TV e Educação, acepções diversas acabam exprimindo relações muito gerais que nem sempre conseguem dar conta do que se está pretendendo. De que TV estamos falando? E qual a abrangência do termo educação? Faremos aqui algumas tentativas para delinear melhor essas áreas e suas relações, lembrando sempre que todos os esquemas que pretendem enfeixar fenômenos e áreas do conhecimento têm uma finalidade puramente didática, sendo sempre limitados em sua essência. Na medida em que a TV (aberta ou por assinatura) passou a ser parte da vida e da cultura das pessoas, aumentaram as expectativas e as exigências em relação ao veículo. E, ao mesmo tempo, começou-se a atribuir à TV funções e até culpas que não são suas.

A TV, todas as TVs?, abertas ou não, TVs? ligadas à cultura, devem ter, sem dúvida, além do papel de divertir e informar, a função de educar. Trata-se mesmo de um preceito constitucional celebrado, mesmo que pouco obedecido. Esse educar, porém, deve ser entendido como uma ação coadjuvante à da escola, que é o lugar formal e insubstituível da educação (além, claro, dos papéis educativos desempenhados pela comunidade, pelo grupo social, etc.). Assim, não é e nunca foi função da TV substituir a escola e o professor e muito menos responder por parte dos insucessos dessa escola que, presa a esquemas imobilistas e retrógrados, acaba por cair em constantes anacronismos que são o retrato especular de sua própria ineficiência. TV e Escola não são perfeitamente complementares, nem radicalmente antinômicas. No entanto, apesar dessas diferenças, a TV pode auxiliar a escola e facilitar (sem diluir) o processo de aprendizagem, ampliando e melhorando, por força dos recursos que só ela possui, as próprias dimensões da escola e da educação formal.

A TV, pensada como coadjuvante da educação, pode ser forte aliada do processo educativo em todos os seus níveis, em todas as disciplinas e graus de escolaridade. . Observando-se detidamente um programa de TV aberta, de TV por assinatura ou de outra natureza, por que não lançar mão dos recursos técnicos da TV para auxiliar/ilustrar a aprendizagem? Pensando-se, por exemplo, em um ato cirúrgico numa faculdade de Medicina, o que se nota? Por meio do intimismo das câmeras, que são espécies de observadores privilegiados, é possível chegar-se muito mais perto das mãos e dos gestos de um cirurgião - e isso certamente permitirá ao estudante, individualmente ou em grupos, uma apreensão e análise muito mais profundas e satisfatórias de um fato cirúrgico - que pode ser visto, revisto, ter suas imagens congeladas, ampliadas, etc.

No entanto, é preciso ter muita consciência também de que essa aproximação, esse nível de detalhamento propiciado pela TV, pela câmera de TV, será insuficiente e até deficiente se aos olhos dessa câmera não se juntarem a visão e o conhecimento daquele que ensina e que, a partir dos dados gravados, irá dialogar com o estudante, ampliando, pelos recursos da TV, as próprias dimensões de captação do olhar humano ainda pouco acostumado a enxergar, sob ângulos hipotéticos, o que a imagem não mostra, mas pode insinuar ou revelar pela mediação deste a quem cabe a tarefa de levar alguém ao conhecimento mais profundo, o professor.

TV no Plural. Educação e suas Interfaces
É comum falar-se em Televisão sempre no singular. No entanto, são muitas as dimensões da televisão e imponderáveis as suas possibilidades de crescimento. A cada dia assistimos a novas propostas para o uso da TV. Quanto ao conceito de Educação, é também muito amplo o seu espectro. Por isso, ao se refletir sobre TV e Educação, é preciso questionar os dois pólos. De que TV ou TVs? se trata? E quanto à Educação, que aspectos estão sendo focalizados? Em que acepção e vertente está sendo empregado tal conceito? Partindo da TV aberta, vemos que nela (como também ocorre nas TVs? por assinatura) são veiculados produtos os mais diferentes. Há projetos específicos voltados para a educação – enquanto . práticas pedagógicas, como é o caso, por exemplo, de Um Salto para o Futuro, Telecurso 2000, há também documentários educativos lato sensu, tais que Globo Rural, Mundo Animal, entre outros, além dos demais segmentos televisuais que, mesmo não tendo como objetivo precípuo a educação, acabam exercendo um papel formador, na medida em que, se bem explorados, permitem desenvolver a visão analítica e o espírito crítico do estudante. Assim, uma novela, uma minissérie, um comerCial, uma entrevista, um talk show, um programa de auditório, um programa de variedades, como o Fantástico, e outros tantos, podem ser apropriados pela escola a fim de se levantar dados, seja para auxiliar o trabalho didático específico de uma disciplina em sala de aula, seja para provocar discussões "educativas" mais amplas de forma direta ou transversal. Como se pode observar, a TV (ou TVS) sejam elas comerciais ou públicas, abertas ou pagas, todas podem fornecer materiais educativos e didáticos para a escola e para as outras matrizes geradoras de educação (família, igreja, partido, sindicato, etc).

Surge nesse ponto uma outra questão. Que fazer, por exemplo, com programas de TV de péssimo nível e cujo índice de audiência bastante alto parece indicar um processo de "deseducação" de"muitos grupos sociais? Em verdade, tais programas - sem dúvida execráveis - devem ser condenados, mas para isso é necessário que os mesmos sejam analisados, por exemplo, na própria escola, de modo interativo e multidisciplinar, a fim de que se reconheçam, nesses produtos, os momentos em que se violenta a cidadania; em que se explora o indivíduo mais simples e até o excluído; os momentos em que se despreza e se solapa a ética e se exalta, ao extremo, o grotesco. No entanto, para que tal trabalho possa ser realizado, é fundamental que se preparem os professores e, claro, a própria escola pa.ra que todos incorporem a televisão e todos os tipos de segmentos por ela veiculados em suas disciplinas e interdisciplinas a fim de que, em sala de aula, trechos breves e significativos de um programa sejam analisados e avaliados.

Além das redes de TV aberta, pública ou paga, há várias outras vertentes muito importantes para a educação. Saindo-se desses circuitos, tem-se o oferecimento sistemático de vídeos educativos já "prontos" para auxiliar a realização de trabalhos, em escolas, como exercício pedagógico ligado a uma ou múltiplas disciplinas. Pensando-se na chamada educação a distância, além do fax, do computador, do rádio e do telefone (sim, porque educação a distância não se faz somente pela TV), assiste-se a uma grande oferta de vídeos institucionais concebidos para ajudar e ampliar a tarefa cotidiana do professor nas escolas. Esse tipo. de auxílio é tão representativo que não se concebe mais hoje que bons professores possam dispensá-la em suas atividades.

Uma das iniciativas pedagógicas mais abrangentes nesse âmbito é a do Programa TV Escola, implementado pelo MEC-SEAD (Secretaria de Educação a Distância), junto às redes públicas municipais e estaduais de ensino fundamental. O programa tem como objetivo a formação dos professores e o fornecimento de melhores possibilidades do trabalho didático-pedagógico em todo o país. Todas as escolas oficiais com mais de 100 alunos recebem antena parabólica, aparelho de TV, aparelho de videocassete e fitas. Os programas em vídeo, divididos em 12 áreas temáticas, são veiculados pela TV Escola (TVE) e devem ser gravados pelos estabelecimentos a partir da grade de programação previamente fornecida. O projeto, bem concebido e realizado, no entanto, nem sempre tem sido de fácil aceitação, jáque também nem sempre existe o conhecimento necessário, por parte das escolas e seus professores, sobre a importância do material que recebem. Acredita-se que um trabalho de mobilização de professores e escolas, objetivando à participação efetiva dos mesmos em um projeto como o da TV Escola, possa dar maior ênfase a essa relação essencial. Em que pese o uso ainda não generalizado dos programas e séries da TV Escola, um estudo realizado em âmbito nacional, por Sônia M. Draibe,8 traz indicadores positivos. Segundo a pesquisadora: O Programa TV Escola está presente em aproximadamente dois terços das escolas pÚblicas brasileiras, atingindo cerca de 73% dos alunos (21,9 milhões) e 70% dos docentes (840 mil) do ensino fundamental pÚblico. E acrescenta: Os indicadores de eficácia permitem inferir o avanço do processo de institucionalização do Programa, sugerindo um crescente "amoldamento" das atividades da TV Escola às estruturas e rotinas pedagógicas escolares.

Se os resultados da TV Escola ainda precisam crescer e se o próprio programa precisa ser melhor conhecido, isso não diminui um progresso já conseguido, sobretudo se pensarmos nas dimensões e quantidade de escolas e alunos de nosso país.

Experiências que vêm dando certo
No Brasil, a 117 Escola já mostra flashes de sua penetração e importância. Pela leitura de algumas cartas na Revista da TV Escola, que ultrapassam até mesmo os limites da escola fundamental brasileira, verifica-se que a proposta atinge também fatias do ensino médio e até do universitário. Transcrevemos trechos de alguns desses depoimentos para ilustrar a relação do programa com seus receptores:

Perdemos a transmissão do programa sobre os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais). Tem reprise? (Supervisara de escola em Santa Catarina).

O Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras tem interesse em obter a série Espaçonave Terra, apresentada aos sábados no programa Escola Aberta da TV Escola. Como poderíamos consegui-la? (Universidade Federal de Lavras).

A resposta indica a época da reprise que consta da grade mensal de programação. Parabenizamos a TV Escola. A imagem precisa melhorar, mas a programação é de ótima qualidade. (Diretor de Escola de Capinzal do NOl?1e - MA).

Se nos maiores centros urbanos, a IV Escola ainda não foi tão bem assimilada, nOta-se que, nos lygares mais distantes e mais carentes do país, seu uso vem sendo incorporado para além da escola. Incorporado pelas comunidades desses locais. De várias regiões do mundo nos chegam relatos sobre o uso da TV na educação. Seja o uso da TV que veicula programas e vídeos institucionais, seja o uso da TV aberta ou por assinatura, cujos segmentos são selecionados por professores, analisados por eles, preparados e depois explorados em sala de aula, como se faz (ou se deve fazer com qualquer conteúdo a ser trabalhado). Um projeto em desenvolvimento na Françaa TELECOLE 10 - dá pistas seguras de como conduzir, na prática, um trabalho pedagógico com o auxílio da TV em classe. Vários de seus tópicos podem perfeitamente ser adaptados à realidade brasileira. Os professores franceses, na escola, trabalham com a TV aberta e com a TV por assinatura, procurando assim explorar a relação cotidiana que o estudante (menor e maior) tem com o veículo no seu dia-a-dia.

Uma primeira preocupação diz respeito à falta de preparo desses professores franceses (como é também o caso dos brasileiros) para lidar com a televisão. Uma professora do grupo alerta, por exemplo, que uma criança, já a partir de 4 anos, consegue dentro de seus limites analisar um programa de TV. Geralmente não o faz porque não há pessoas em condições de trabalhar com os alunos e com o veículo, já que na opinião de uma das pesquisadoras. "não é a TV que manipula os professores; eles é que não sabem como manipulá-Ia", Tentando resumir as propostas da TELECOLE francesa, poderíamos chegar esquematicamente aos seguintes tópicos:

Tanto com as crianças menore$ quanto com as maiores, é preciso analisar a TV partindo da experiência pessoal de cada um e da percepção que têm do mundo em que vivem.
Com alunos menores é possível explorar e analisar: desenhos e programas infantis; documentários próprios para a idade e comerciais.
Com os mais velhos, deve-se analisar: documentários políticos; telejornais, observando, por exemplo, as diferenças apresentadas por duas emissoras no tratamento de um mesmo tema; cenas de violência em seus contextos, buscando saber as razões das mesmas; a grade de programação oferecida, verificando, por exemplo, que lugar têm, nas 1Vs abertas (ou nas assinadas), os temas ligados à educação, à vida cotidiana, ao meio ambiente, àética e à sexualidade.
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Para quase todos os estudantes - respeitados os níveis de escolaridade e faixas etárias - é importante que a escola, seus professores e disciplinas os levem a conhecer o meio TV, ajudando-os a definir escolhas e fazer opções; aprender a extrair e analisar informações a fim deensiná-Ios a passar da recepção para o tratamento concreto da informação; conhecer os discursos televisuais, seus gêneros e as "gramáticas" que os sustentam; aprender a ler e entender as representações que a TV faz dos jovens e crianças e de suas histórias.
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5, Que todos os alunos, respeitadas as suas especificidades, aprendam a distinguir nas emissões de TV: os planos que surpreendem e seu porquê; as diferentes interpretações que os diferentes estudantes dão sobre um mesmo fato/seqüência ou imagem; ..a função da música; a função das cores; a função da voz em, off que comenta os acontecimentos; o papel das imagens que ancoram o verbal e que é por elas ancorado e as relações entre o oral e o escrito na 1V - o valor do discurso televisual e suas principais características.

Circulando pelo novo canal: Educação e Televisão
Em geral, quando a televisão entra na sala de aula, é comum pensar-se imediatamente em divertimento e descontração. O que é um equívoco. Ainda que o trabalho pedagógico possa ser muito prazeroso, ele não pode, de forma alguma, ser descontraído. Na sala de aula, é preciso haver um saudável corpo-a-corpo entre os estudantes e os materiais com que se trabalha. Seja no caso do livro impresso, de um painel, do computador, de uma apresentação oral, de um exercício com TV, a postura tem de ser a mesma, a seriedade igual. O prazer advém do esforço e não da gratuidade, nem do descompromisso. Assim, é inaceitável a improvisação em qualquer coisa que se faça. O professor tem de preparar muito bem as aulas em que irá explorar o texto televisual, da mesma forma que prepara (ou deve preparar) os textos impressos ou orais com que vai trabalhar.

Cabe ao professor, até com sugestões de estudantes mais velhos, escolher um segmento determinado, gravá-Io, trazê-Io para a classe e explorá-Ia juntamente com os alunos, sendo que tal segmento não deve ultrapassar a 15 minutos de exibição. Mostrar um programa todo, longo, é como "matar aula". Fracioná-Io com lógica e organizá-Ia para posterior exploração é atividade de alto valor pedagógico e educacional. Um trecho de programa qualquer ou um comercial de TVll? podem ser desenvolvidos em sala de aula com vários professores, a um só tempo. De modo interativo e multidisciplinar, por exemplo, é possível também que seqüências de uma entrevista, de uma minissérie, de um documentário de bom nível e até mesmo de um programa detestável sejam analisados com os alunos pelos professores de português, artes, ciências, geografia etc.

Assim, pela linguagem do vídeo, da TV, exploram_se, na escola, as outras múltiplas linguagens que constituem o homem hoje no seu grupo social e no seu cotidiano. O canal Escola-Educação-Televisão está inapelavelmente aberto. Quem tentar desconhecer tal fato não só estará negando a evidência de uni. dado cultural novo, como também estará se colocando - a si próprio - fota do conjunto das idéias que constituem seu tempo, autocondenando-se ao anacronismo e à absolescência.

Notas 1. BOURGES, H. Préface.jeunes Téléspectateurs- Futurs CitOJY??I1S. Paris, Centre National de Documentation Pédagogique, 1998, p. 5.

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4. BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo, Hucitec, 1981. 5. Timming. Ritmo, tempo oportuno ou apropriado. 6. Gossips. Fofoca, intrigas. 7. BARBERO, J. M. América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. ln: 50USA, M.X1. (org.) Sl_jeito, o lado oculto do receptor. São Paulo, Brasiliense, 1994, pp. 40-41. 8. DRAIBE, S. M. Os Programas do Kit Tecnológico e a 7V Escola 0997-1998). Avaliação comparativa da TV Escola no Brasil entre 1997 e 1998. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, Fundação Carlos Chagas, julho, 1999. 9. CARTAS. Revista da 7V Escola. Brasília, MEC-SEAD, n° 12, ago. 1998. 10. jeunes Téléspectateurs... op. cie. O) pp. 18 a 59. 11. ROCCO, M.T.F. Linguagem Autoritária. Televisão e Persuasão. São Paulo. Brasiliense, 1989.

José Manuel Moran